Durante a quinta edição da Feira Literária de Canudos (FLICAN), realizada entre os dias 23 e 25 de julho de 2025, a presença de figuras emblemáticas reforçou o compromisso do evento com a valorização da memória histórica e cultural do sertão baiano. Entre os destaques, esteve Raimundo Bujão, presidente do Fórum de Entidades Negras da Bahia (FENEBA), cuja participação simbolizou o fortalecimento das vozes negras na construção de narrativas sobre resistência e identidade.

Raimundo Bujão integrou o público que prestigiou o debate “Ciranda da Palavra: a força do novo cinema nos sertões”, mesa composta pelos cineastas Antônio Olavo e Pola Ribeiro, com mediação de Lula Oliveira. O encontro promoveu reflexões profundas sobre o papel do audiovisual na preservação da história de Canudos, especialmente por meio da exibição dos documentários Caderneta de Campo (1992) e Utopia (1993), de Ribeiro.

Antônio Olavo, que desde 1983 registra imagens da região, compartilhou sua trajetória e destacou a importância de iniciativas que partem de dentro da comunidade: “Cabe agora às novas gerações dar sequência a esse trabalho. É importante também que as coisas aconteçam de dentro para fora, e esse movimento já começou, o que valoriza mais ainda a história de Canudos”.

A presença de Raimundo Bujão nesse contexto reforça o elo entre o cinema, a literatura e os movimentos sociais, evidenciando que a memória de Canudos é também uma memória negra, popular e coletiva. Sua atuação no FENEBA e participação na FLICAN reafirmam o compromisso com a democratização da cultura e o reconhecimento das lutas históricas do povo baiano.